Carolina C.

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Sou influenciada a escrever por tudo o que ouço,toco,vejo,sinto e leio. E por lembranças também, portanto a autoria é das projeções do meu mundo.

domingo, 15 de agosto de 2010

O Jogo na areia

-Sai dessa porra, juiz safado!
A velha grita bem no meu ouvido e a multidão de pessoas olha para o local onde estou e começa a rir. E a velha começa a rir também, ri de seu próprio jeito de falar, os xingamentos cheios de palavrões. Eu ouço aquilo e acho engraçado também, ao mesmo tempo fico espantada com o comportamento daquela senhora, falando palavrões naquela idade e soltando gritos e gargalhadas no meio das pessoas, como se estivesse bêbada.
O jogo continua acirrado. Meu time cai deixa a bolar passar, perder chance de fazer gol, e ainda sofre falta das adversárias que mais parecem cavalos. A areia voa na cabeça de todas as jogadoras e entra em todos os buracos do corpo de cada uma, do nariz a boca, e os braços cobertos de areia, parecendo uma manga de blusa. O jogo mais parece uma pelada, pois todos riem das caídas e tropeçadas das outras e na verdade, ninguém se importou com o jogo, com exceção de meu técnico, que só faltou expulsar o juiz.
Segundo tempo do jogo. O mesmo time e eu ainda na reserva. Mais areia no ar e nada de gol, então o juiz decide mudar a jogada e me coloca no campo. Entro toda empolgada e com o objetivo de vingar minhas colegas que sofreram dolorosas faltas no primeiro tempo, tenho vontade de chutar a canela de cada uma e jogar areia na fuça delas, a raiva de vencer me dominava de tal forma que comecei a ter esses tipos de pensamentos. Mas para a felicidade de todos, nenhum dos meu pensamentos malignos se realizaram e eu me acalmei durante o jogo. Marquei uma, empurrei outra, dei um bicudo na bola que fez ela cair do outro lado da rua. Sofri muitas caídas e os malditos grãos de areia entraram em meu olhos e na minha boca, meu cabelo todo molhado e meu rosto brilhando no sol quente.
Finalmente o jogo acaba e vencemos de 4x1, um bom resultado para o dia das meninas e para mim. A viagem até Porto Velho teria que dar em alguma coisa boa, e deu. O barquinho em que o time viajou me deixou tonta e com vontade de vomitar, o sono me contagiava de tal forma que mal conseguia me manter sentada na cadeira do barco,e ainda consigo sentir o balanço do mar. O sol não estava bom hoje e me assou literalmente, até mudar meu branco lagartixa à um vermelho camarão, e falando em camarão, esse foi o meu almoço de hoje. Arroz, feijão, salada e...camarão, fazia muito tempo que eu não petiscava um camarãozinho e hoje tive essa oportunidade.
O sol já dizia adeus para mim e a lua foi trazendo sua escuridão e começara a anoitecer em Porto Velho, o barquinho chegaria em 15 minutos e já saíamos da casa de praia em direção ao porto. Em fila, nosso time avistou o barquinho e correu até ele, não se importando com as pedras e a terra do caminho que lhe machucavam os pés. Chegando lá, sentamos nas cadeiras de trás e começamos a discutir por todo o caminho a nossa experiência de hoje, o jogo, as conversas, as impressões de cada menino que encontramos, tudo o que passamos hoje.
Foi um dia longo e desgastante, mas a praia e aquele calor humano não foram ruins para mim, afinal faz parte de toda experiência humana, faz parte da vida. Fez parte do meu dia e do dia de todos que estiveram comigo, espero que ninguém se esqueça.

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