Carolina C.

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Sou influenciada a escrever por tudo o que ouço,toco,vejo,sinto e leio. E por lembranças também, portanto a autoria é das projeções do meu mundo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Imagino a vida desnecessária

Ás vezes dá vontade de largar tudo e viver como os outros. É cansativo lutar contra a maré, de brigar pelas suas ideias que vão contra tudo. A cada batalha, o desejo de soltar o escudo e deixar que transpassem a espada do comum, é grande. Preciso ser aceita na sociedade, mas para isso eu teria de mudar, e mudar quem eu sou, além de eu não querer, é quase impossível. Penso sempre no final bom, de que tudo vai se acertar e de que um dia tudo o que passei hoje, vai fazer eu dar muitas risadas ou me lembrar honrrosamente de meu sofrimento, sofrimento esse que passo todos os dias, que me faz diluir eu mesma para no final, me tornar pó no fim do dia. Apesar disso, luto constantemente contra preconceitos, deveres e falta de amigos e compreensão, todos os dias; não sei como estou viva até hoje depois de correr tanto contra a força dos outros sobre mim, é um contra a maioria, pois não sou a única que passa por isso.
Imagino como seria minha vida se eu deixasse tudo de lado e vivesse de saídas. Beberia para viajar no inconsciente, pedalaria com a bicicleta velha até outras cidades só para ver bares novos, gente nova e diferente. Por um lado seria bom, minha cabeça e corpo descansariam por completo. Mas pelo outro, eu viveria insatisfeita, porque são os problemas que me fazem pensar, agir, viver.
Concluo assim que, apesar de não ter a vida que eu imaginara ser boa, minha vida atual cheia de problemas é necessária para eu continuar respirando. São os problemas que me fazem mover os músculos e cérebro, me fazem saber viver

Elogios

Saí da escola cansada, suada e cheia de preocupações na cabeça. O ônibus demorou a chegar e estava lotado, portanto, tive de ir em pé a viagem toda além de ter de me esfregar no corpo dos outros passageiros que também, estavam cansados da manhã.
De cabeça baixa, desci do ônibus e comecei a longa caminhada para casa, pela mesma estrada de sempre, passando pela maior escola de meu bairro, prédios e carros rondando a pista. Estava quente, a calça jeans e a bolsa só aumentavam mais meu calor e cansaço. Eu já me encontrava desistimulada de fazer todos os planos do dia, apenas iria chegar em casa e dormir.
A passos demorados, estava eu na pista em frente ao colégio de meu bairro, olhando para o chão e cantando uma música, aos sussuros para ninguém ouvir, bem , mas isso era desnecessário pois a rua estava deserta e só passava um carro de vez em quando. Entretida na música e desconectada daquele lugar, nem percebi que uma moto em frente chegava em minha direção. Até que ouvi:
-Sabia que você é linda?
Olhei para trás e o cara da moto sorriu para mim e continuou sua viagem. Fiquei chocada com o elogio, pois minha aparência não estava das melhores. Apesar disso, fiquei lisonjeada, e esqueci de tudo o que me acontecera no dia. Apenas uma frase, como se fosse física, me puxou do buraco negro envolta de minha mente e me jogou para a luz, a fim de que eu despertasse daquele tédio e percebesse que existem coisas boas na vida em momentos ruins.
As pessoas precisam de atenção, todas, sem excessão. Todos querem ser falados, citados, elogiados, afinal, querem ter atenção. Somente algumas palavras fizeram levantar meu dia fracassado e seguir com meus objetivos, sem descanso. Então fica o conselho: elogiem as pessoas, claro que com sinceridade, e recebam os elogios felizes, são eles que nos fazem mudar a cada dia.

Mundos de fases

Um dos meus maiores medos é perder a vontade de brincar.
A semana foi de cão, trabalhos, estudos, cursos e pessoas conseguiram me descontrolar durante todos esses 5 dias, e acredito que nos dois restantes eu também vou sofrer. Há tempos não saio para o cinema, nem passeio mais na calçada da praia, ando de bicicleta pelo bairro, brinco de pega-pega, esconde-esconde, mímica entre outras brincadeiras de criança com meus antigos amigos, prazeres que antes eu tinha e nem percebia que eram a essência da minha felicidade. Quando criança, eu não me preocupava com as pessoas, minhas atitudes, erros e acertos, ou com a prova de amanhã, na verdade, eu não sabia como era de fato, a vida de meus pais. Eu sempre reclamei deles não terem tempo pra me dar atenção, de como eles eram preguiçosos e chatos, achava que aquela vida de adulto eu não nunca teria e que sempre teria algum amigo pra brincar o dia inteiro.
Com 16 anos, vejo que o mundo de meus pais chegou à mim e agora eu vivo nele. É como se a vida fosse divida em casas, no caso mundos, o primeiro é de criança, colorido e pequeno, deserto; o segundo é o de jovem, um mesclado de prazeres e deveres a serem cumpridos contra sua vontade; o terceiro é o de adulto, cheio de pessoas e objetos, habitado por problemas e dores de cabeça; e o último, o mundo do velho, um lugar onde existem muitas pessoas mas ninguém o vê, existe um nevoeiro que te cobre e te enche de lembranças. Estou no segundo mundo, mas vivo a parte só dos deveres, nenhum prazer. Os outros habitantes do segundo mundo talvez passem por essa mesma abstinência que eu, e sintam a mesma coisa: solidão. Mas como eu mesma disse, o segundo mundo é um mesclado de prazeres e deveres, então todos os jovens têm de ter prazer na vida, é quase obrigatório. Mas vendo por esse ponto, minha vida não é MESCLADA de deveres e prazeres, acho que são intercaladas por fases bem curtas, vez uma outra vez a outra. E ao escrever este texto de pensamento pessimista da minha vida, tenho que compreender que ele faz parte de mais uma de minhas fases no mundo jovem, a fase dos deveres, que por consequência me deixa estressada e triste, o que me faz escrever estas palavras que tentam chamar atenção de alguém pra me socorrer. Como a fase dos deveres causa tristeza, a fase dos prazeres causa alegria, e sendo fases, sei que a atual vai passar e já já estarei melhor para escrever textos que façam alguém sorrir.

domingo, 19 de setembro de 2010

Dança comigo

Com você dançaria no meio da praça e na frente de todas as pessoas. Os pombos voariam com os nossos passos ritmados, e sentiríamos todas as sensações diferentes de temperatura do dia até o frio do anoitecer. Nos cansaríamos de tanto dançar,mas nossos braços não seriam capazes de desprender o tronco do outro, e nem de separar nossos corpos, encaixados perfeitamente segundo a ordem da natureza. Por essa dança, eu faria tudo outra vez. Calçaria as mesmas sandálias de salto, vestiria o antigo vestido preto rendado, prenderia o cabelo num coque e me maquiaria de uma forma que eu aparentasse ser mais nova. Não me chatearia ver meu amor, com as mesmas calças e barba rala, vir em minha direção, pegar minha mão e me puxar para essa dança eterna, que eu desejo existir.

"Mein Traum ist es Ihnen sagen, ich träume von dir."

Meu sonho é poder te dizer que sonho com você.


Angels Passengers

You were my star, you were shining in my heart
With your lights, my body burned every time when I saw you
It was like a natural e normal moment in my life, because my sensation was good
And if I feel good, I'm good with the things of the life

Every day you push me to your chest, I breathed fast
You kissed me like touch in a petal of a white rose
The color of my neck was the white rose, and when you touched me, my color changing to red
A red like fire, a red like a heart, a red like my love for you

My eternal angel, you took me to places that I've never heard and never seem
I met beautiful things beside you
I saw the real mean of life
And I concluded that the life just exist because of the love

Now, I'm alone, because your mission, my angel, is concluided
You succeeded win your task, and went away
To the sky, our places, or to the earth?
I don't know where you are, but my heart knows who is my first love...Forever.

Estrada de areia e coisas para trás

Eu sempre disse ser contra às regras sou obrigada a cumprir. Critico o comportamento das pessoas hoje, e confesso minha insatisfação com a vida, hoje tediosa. Talvez todos esses pensamentos estejam certos, ou talvez não. Só quem pode defini-los se são corretos ou não sou eu, pois mais ninguém pode saber a visão que tenho do mundo e das pessoas, de como queria que tudo fosse diferente. Tenho minhas atitudes controversas e sofro por causa disso, às vezes penso em desistir e seguir o caminho que todos seguem, as atitudes e pensamentos comuns de hoje. Parece que tudo ao meu redor está contra mim, e não sei como resistir à tanta humilhação e rejeição. Minha forma de pensar, agir e amar não aceitos pelas pessoas, elas esperam que eu seja aquilo que elas querem que eu seja, mas para a infelicidade delas, não sou. E seguir este caminho estreito e contrário à todos os outros caminhos, me deixa sozinha e louca. Quando sozinha, mergulho fundo em reflexões que deixariam qualquer um louco de tanto pensar, e louca por não ter ninguém a contar o que penso, compartilhar palavras descompromissadas, para ver o que eu também vejo e com isso, sentir que outro me entende e que realmente faço parte desse mundo.
Andar contra uma ventania forte, deixa machucados e a sensação de que sempre algo vai te levar pra trás, para um lugar que já foi passado e que você não quer mais passar. Desistir é o meu maior fracasso. O vento sempre é mais forte que minhas pernas, e por isso acabo tombando no chão e dando de cara com a areia pisada por mim mesma, pois volto à mesma estrada que já atravessei tantas vezes. Não digo que minha desistência seja maior que minhas conquistas pessoais, elas apenas causam uma dor maior em mim. E quando elas chegam e me derrubam, minha visão fica embassada e não vejo mais nada além do fim de tudo, de desistir de tudo que lutei para não passar por mais dificuldades.
Mas no meio de toda essa dor, levanto a cabeça e vejo rostos de pessoas que amei, objetos de valor, os animais com que brinquei, a casa em que vivi... tudo o que tive na vida, aparece, de repente, na minha frente e fazem com que eu esqueça toda minha dor egoísta. É assim que fujo dessa estrada de terra: olho para trás e vejo tudo que amei e com que tive prazer de conviver, já então com o coração renovado, me levanto e começo a andar forte, com mais vontade e força, para lutar contra as várias ventanias que a vida vai me trazer.

Sociedade de regras naturais

Na visão dos outros sou mais um indivíduo da sociedade moderna, que tem que seguir tudo o que é considerado certo. Devo me comportar de maneira "civilizada", criticar apenas o que pode ser criticado, ler o que não gosto, escrever o que não sinto, conversar as projetadas palavras para um primeiro encontro, fazer coisas que não quero fazer. É horrível ter que se submeter a tudo o que as pessoas querem que você faça, só para ter a figura falsa do que você representa após todas suas "vitórias sociais". O humano luta contra ele mesmo, guarda seus sentimentos e corre para o meio da multidão para ser visto, pelo menos ouvido e tentar se integrar à sociedade. Para isso, ele deve, obrigatoriamente, fazer tudo o que a sociedade impõe a ele e a todos que dela participam. E o mais incrível nisso, é que todos os indivíduos da sociedade sentem o mesmo que eu: presos em falsas aparências. Mas ninguém revoluciona esse sistema, ninguém tem coragem de ir contra à uma regra social, lutar contra a hipocrisia e finalmente dizer a todos que a liberdade está concluída e completa, e que agora, todos podem fazer o que bem quiserem, sem revisar regras burocráticas. Os benefícios dessa revolução seriam grandes à paz interior humana, pois cada um poderia se expressar da maneira que quisesse, mas pensando bem, os malefícios seriam bem maiores. Sem regras, a sociedade decairia rumo ao obscuro. Como cada pessoa é diferente das outras, ela devidamente, faria o que bem quisesse e claro, não se importaria com os outros. Não existiria limites para as ações humana, ora, a liberdade de expressão estaria no ápice e ninguém ligaria para o que os outros pensariam. Sendo assim, pessoas sairiam machucadas e tristes, afinal todos iriam sofrer com as atitudes ilimitadas dos demais, que na maioria das vezes, não agradam a todos. Concluindo, essa revolução para a liberdade total do ser humano não traria mais benefícios à vida, e sim, em maior escala, os malefícios que, atualmente, escondem o que não queremos ver.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Saudade

SINTO SAUDADE DE ALGUÉM...
NÃO CONSIGO CONTER A ANGÚSTIA E A SOLIDÃO.
ESTOU COM SAUDADES DE SEUS CONSELHOS,
DE SUAS BRINCADEIRAS E ATÉ DE SUAS CRÍTICAS;
TAMBÉM DE SEUS POEMAS E DE SUA INTELIGÊNCIA COLOSSAL!
ESTOU CANSADA, PRECISO DESSE ALGUÉM,
NÃO COSIGO FALAR, ESTOU TRISTE.
AFINAL, O QUE ESTOU SENTINDO SÃO APENAS SAUDADES.

Eloisa Slongo.

Extremos iguais

A diferença de idades significa muito hoje em dia. As pessoas personificam velhos e crianças de acordo com suas principais características, e não veem a igualdade que existe entre esses dois extremos. É a força do estereótipo que nos deixa a par da semelhança do modo de pensar do ser humano em cada faixa de idade, que ao meu ver são todos iguais. A inocência da criança não é diferente da experiência do velho, pois por mais que um velho diga que sabe das coisas da vida, ele não sabe que ainda falta muito para entender esse mundo humano. E a experiência de um velho não é diferente da inocência da criança, pois os aguçados sentidos do início da vida percebem uma dimensão muito maior do que nós, jovens,adultos e velhos vemos e sentimos. E o momento mais belo é esse confronto entre idades, a criança aprende sobre esse nosso sistema difícil de entender e o velho lembra de sua inocência, de seu descomprometimento com a vida quando pequeno. Existe essa ligação de ansiedade pelo saber e as saudades dos momentos bons da vida, esses dois extremos se tornam próximos, chegados, mais que amigos, fontes de sensações boas e ruins, que todos humanos têm.
As pessoas de hoje não valorizam mais os sábios velhos como antigamente, não dão mais o devido valor à essas pessoas que passaram por mais experiências que os mais jovens. Nessa era do vale-tudo a educação formal e básica perdeu seu sentido, não existe mais o comprometimento em conhecer e valorizar as outras pessoas, como agradecer ou compreender os problemas dos outros. Em nossa era, parece não existir o valor moral, agressões físicas e morais estão banalizadas, até a morte é considerada fato normal! Não que a morte não seja normal, mas ela está cada vez mais corriqueira, parece que os ceifeiros querem testar as emoções humanas para comprovar se ainda as pessoas podem chorar e sofrer pelas outras. E falando em morte, na velhice o ser de capuz preto está sempre rodeando essa faixa etária, e com a morte ao lado dos idosos, existe o seu oposto: a vida, que está presente no lado das crianças. Partindo desse pensamento, podemos falar que é a vida e a morte que interligam os extremos das idades, pois refletem, como num espelho, o destino de todo ser humano, e só percebemos isso quando lembramos quando éramos crianças e ouvíamos as conversas dos mais velhos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sentimento que ainda sinto de longe

Ainda não sei o valor do amor. Como posso descreve-lo da forma como ele deve ser tratado se, eu nunca amei? Como posso falar do que nunca senti, ou vi por fora? Parece que esse sentimento (amor, no caso entre homem e mulher), nunca irá ser familiarizado comigo, porque às vezes me sinto impotente demais para iniciar uma relação. Os beijos que todos sabem a cena são como fantasias para mim, parece que eu sei o que são mas não na sua pura essência. Abraçar um corpo não é normal e cotidiano para mim, é uma troca de calor e medo. Olhares que têm uma intenção a mais, eu os interpreto como sendo amigáveis, inocentes. Não faço parte do grupo de pessoas que consegue num minuto se apaixonar por alguém, esse processo rápido para o amor definitivamente não se aplica a mim. E acho que até agora não faço parte de nenhum grupo de pessoas porque ainda não sei o que é amor, o amor na amizade. Qualquer relação aproxima você da verdade do que você realmente quer, ou seja, apenas amar. Amar amigos ou pessoas que te atraem sexualmente. Mas ainda não participo desse processo, talvez quando eu compreender mais as pessoas eu possa me envolver primeiro com o amor da amizade, e depois com o amor do para sempre.
O amor está tão vulgarizado que é difícil acreditar que ele ainda existe.

Inspiração em tudo

Uma imagem me inspira, o movimento das asas de uma abelha, palavras de alguém ou apenas a confusão de pessoas na escola. Tudo tem valor para ganhar uma narrativa. O mundo é cheio de extremos mínimos detalhes que escritores de todo o tempo de vida da humanidade não conseguiram escrever. Se eu quiser posso escrever sobre o que escrevo, ora falar do meu prazer por escrever, ora falar do que me incentiva a escrever (como esse texto), ora expressar apenas em palavras meus complexos pensamentos.
Tentar dizer a alguém o que você entende sobre alguma coisa é tarefa impossível, só mesmo sendo muito altruísta para no máximo, identificar a sensação ou a reflexão de alguém. Enquanto escrevo, outros leem e interpretam aquilo que escrevi da forma como bem entenderem, é difícil todos entrarem na minha sintonia, e isso é fantástico!
São esses diferentes modos de pensar que me motivam a escrever. Quando converso com alguém obtenho uma infinidade de informações novas, pensamentos e sensações daquele com quem dialogo. Suas roupas, modo de andar, falar, de se expressar, tudo faz parte do que eu obtenho como informação e dissolvo na minha capacidade de entender tudo o que é acrescentado em mim.
Ainda há muito o que se noticiar e argumentar. Complexidade demais instrui!

Oportunidades

As oportunidades passam por nós como quando um carteiro voa em sua bicicleta a entregar cartas. Elas passam e não vemos como são importantes, ou às vezes, não tão importantes assim.
A rua está movimentada, você é o pedestre da vez e não vê hora para poder passar, olha para o céu, as pessoas ao seu lado e quando vê, o sinal de verde do bonequinho já mudou para vermelho e você continua ali, parado, esperando a vez de atravessar. Nesse caso, a oportunidade foi deixada de lado pela falta de atenção. Frequentemente, sou pega de surpresa entre minhas distrações e quando volto à realidade, vejo que a minha oportunidade passou e que terei que esperar mais, ou nunca mais. É uma competição com sua mente, você deve se vigiar e vigiar tudo o que te cerca, porque, mais cedo ou mais tarde sua oportunidade vai aparecer e você terá de agarra-la.
Pessoas que não pescaram suas oportunidades são hoje, como dizemos, "esquecidas, fracassadas, sem mais nenhuma chance na vida". São pessoas com histórias de vitórias e derrotas em seguida, ou apenas com derrotas na vida. São vidas que não têm mais jeito, solução, final feliz. Vemos pessoas como essas representadas em filmes, aquelas que não lentas, sem talento e sem popularidade. Defeitos como esses são impostos pela sociedade de forma cruel à essas pessoas que, apenas escolheram um modo de vida diferente, um rumo diferente da glória, apenas um rumo simples, básico, sem grandes conquistas aparentes. Filmes, novelas, estórias, música...tudo em que você obtém informação passa esses valores. Sua vida deve ser cheia de conquistas, as pessoas devem lembrar você, te elogiar ou xingar, afinal, saber quem você foi.
Mas esse não é o sentido da vida. Passar a vida sofrendo, com histórico triste, ou trabalhando num emprego considerado medíocre não são fatos vergonhosos, essa vida foi o que você quis, ou o que não quis. Você passou por ela e nada mais pode ser mudado, além de suas lembranças. Nenhuma vida é insignificante, cada um tem uma história fascinante. Pessoas são fascinantes, em toda a sua essência, aproveitando ou não suas oportunidades de vida.

Apenas eu

As minhas decepções são causadas por mim mesma. Avalio tudo o que me cerca e chego à conclusão de que a culpada por tudo isso sou eu mesma, e mais ninguém ou um fenômeno natural. Ninguém, porque qualquer coisa que esse alguém tenha feito comigo, atitude ruim ou boa, vai ter sentido positivo ou negativo somente à mim, pois eu decido minhas reações. Por exemplo, se alguém me empurra, posso interpretar isso de várias maneiras, posso levar aquela atitude à sentidos que o meu agressor nunca tenha pensado antes, posso sentir ódio ou simplesmente compaixão daquela pessoa, pensar que fora um acidente. Fenômenos naturais acontecem a todo instante, e nós, meros humanos, não podemos controlar eles da forma que bem quisermos. Eu não posso parar a chuva por que me molho toda quando saio, ou não posso interromper a ventania em meu rosto, que desconfigura todo meu cabelo.
Tudo o que acontece ao meu redor, no meu mundo, é só meu, é sob direção minha. Se eu não for uma boa coordenadora sobre minha consciência, nada mais será e o meu mundo certamente se tornará no que eu não queria que se torna-se. Analisando esses aspectos egocêntricos, vejo que a vida de cada um é regida por cada um. Se eu quero que o céu seja rosa, ele vai ser rosa, claro que somente para mim, mas eu estarei feliz de não compartilhar com mais ninguém meu desejo, de essa visão ser só minha. Eu sei que cada um gosta de possuir o poder de não ser decifrado, questionado por ações ou palavras, gostamos de imaginar o que queremos para não ouvir críticas de ninguém. O mundo é o que queremos que ele seja, cada um faz o seu. Será que o próprio mundo existe?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Própria Cura

-Seu problema é grave.
-Como assim, grave?
-Do tipo que tem cura.
-Não entendo.
-Essa cura é dolorosa, é um processo que vai ser difícil a senhora resistir. Você terá vontade de acabar com tudo, fugir da cura. Para que sua vida não se finde, você terá que passar intacta pela cura, claro, você poderá recair, mas só em último caso.
Saí da sala de cirurgia confusa, o médico não tinha dito nada que me parecesse sensato, apenas sobre a cura, a minha cura. Disse que só eu poderia criar minha cura, e passar por ela da minha maneira, ou seja, eu teria que me diagnosticar. Sabendo da minha nova missão, comecei a pensar sobre minha cura. Sentada no banco novinho de meu carro, passei meu tempo a refletir sobre minha vida, fiz um playblack da infância, família, casa, pessoas que conheci...
-Meu passado deve me ajudar de alguma forma.
Olhei o retrovisor e vi os olhos de sempre, castanhos (nunca gostei da cor de meus olhos, quis que fossem verdes) e fundos; vi os olhos que viram tudo o que me lembro, quadros, rostos, lojas. Rostos...o plural nunca se aplicou a mim, desde criança sempre fui muito egoísta: "O chocolate é meu", "eu quero isso, compre!", "não gosto mais de você, não te amo". Egoísmo de nascença, defeito que nunca morreu dentro de mim depois de todos os obstáculos que vivenciei por causa dele, lutei muito, mas é um mal meu, um mal necessário até. Voltando ao presente, lembrei da minha cura.
-Não sei o que pensar mãe.
-Filha, pense no que mais gosta de fazer, isso talvez ajude.
-Obrigada mãe.
A ligação foi rápida mas prestei atenção nas palavras de minha mãe. Eu gosto de viajar, comer, assistir a filmes e conhecer gente... Bem, esqueça o gente. Sim, vou viajar, ainda não conheci a Rússia, ou a Grécia, adoro mitos, mas agora lembrei que não tenho dinheiro. Então vou comer e assistir TV o dia inteiro, todos os dias...não, melhor não, vou engordar e esquecer do mundo. Sobrou o conhecer gente nova...Mas eu não preciso conhecer gente nova, pessoas ferem meu coração; meus amigos foram embora, meus ex-namorados estão casados, que fazer com essa gente?
-Nada.
Começou a chover e os vidros de meu carro formaram bolinhas de água, escorrendo horizontalmente por causa de minha velocidade. Ao meu lado as árvores eram apenas quadros abstratos, não tinham forma, em minha frente as luzes se apagavam, já era tarde e a eletricidade das casas e prédios descansavam, apenas alguns carros, como o meu, iluminavam a estrada.
Dirigindo sem rumo, esqueci-me da vida (mesmo que estivesse vivendo), da cura e de tudo o que eu olhava. Meus olhos começaram e fechar e de repente meu corpo foi levemente lançado para frente, meus braços quase nas costas e meu rosto cheio de fios de cabelo. Uma luz vermelha cegou-me por completo e vi-me dentro de uma sala de hospital.
-Eu te avisei, Linda.
O médico fechou meus olhos e tudo escureceu.
-Devia ter me curado.

Necessidade de tristeza e felicidade



Você ri enquanto os outros choram. Que maldade! E enquanto você lamenta, outros brincam. Que injustiça!
Mas se você pensar na vida dos outros você é que não vive. A vida traz essas armadilhas para as pessoas. Quando vocês está lá, rindo com teu amigo, vocês passam por pela calçada e veem uma mulher jogada no chão, dormindo no frio. Talvez você sinta pena dela, remorso sem causa, e culpa por nada, afinal você não fez nada. Mas é por você não fazer nada é que essas pessoas estão passando frio. Os olhares das outras pessoas ao seu redor, te trancam em seu ego e não deixam que você se ajoelhe e levante aquela mendiga do chão, a leve para casa e a alimente. Se você o fizer, todos te olharão com espanto, até admiração, pois elas não tiveram coragem de ajudar primeiro que você. Mas não, você não o faz, tem vergonha de servir de chacota (palavra antiga), então você passa pela mendiga e continua a rir com seu amigo.
Talvez seja esse o equilíbrio do mundo. Talvez a humanidade necessite tanto de tristeza quando de felicidade. Eu preciso ver você chorando para lembrar que ainda existe tristeza, para eu sair do meu estado de felicidade e voltar e pular para o meu outro lado. Você precisa me ver rindo, para renovar a esperança de ser feliz, para saber que ainda existem pessoas boas e felizes, então você é levada para o seu outro lado. Assim esse mundo vai e vem, nesse balanço interminável de sentimentos, estados. Tristes e felizes, fomos, somos e seremos todos nós.

Felicidade Automática


É como Ferreira Gullar diz: "poesia nasce do espanto". Poesias nascem do espanto que nós, seres humanos, terráqueos, temos da nossa própria moradia: o mundo. Mas por que se espantar com as coisas do mundo, já que ele é a nossa "casa"? Acredito que em casa, a pessoa não se espanta com sua cama, mesa ou a pia da cozinha. Não me espanto com a coberta vermelha, os cartazes nas paredes de meu quarto ou com as janelas da sala, mas por que ainda me espanto com as coisas lá fora? Eu conheço tudo, a natureza e o asfalto, as pessoas e os animais, mas mesmo assim me espanto.
Nesses dias robóticos de hoje, as pessoas como eu, são pegas de surpresa, temos tanto a fazer e nada a admirar, e quando percebemos a vida passou, os amigos se foram e você está velho, com mais um mínimo de tempo para viver e talvez, aproveitar o que lhe resta. Quando a mídia ou os livros de auto-ajuda aconselham aproveitar os momentos bons, "aproveite a vida", "viva o presente", na verdade eles querem te alertar que a vida é rápida, aproveite, corra, como se a vida fosse uma liquidação. Frases como: "vá filha, saia com seus amigos", "vamos beber até cair", "a vida é curta, vamos aproveitar", são as costumeiras investidas que as outras pessoas nos dão para que nós percamos nenhum minuto, e analisando esses fatos, vejo que até os momentos de prazer são automáticos. Hoje, o significado de ser feliz é beber, sair e quebrar tudo, ir a festas esquisitas com gente estranha, beijar até pegar doença, correr com o carro ou pode ser a pé mesmo, nu se quiser. Se você, indivíduo, não pratica nenhum desses exemplos, você é considerado um "velho", sem graça, chato. Estereótipos até para a felicidade, quem diria!
Minha felicidade não é regida por nenhum desses estereótipos, prefiro me refugiar na sala vendo filmes, passar o dia no quintal tirando fotos, rir do nada, conversar besteira, pensar, desenhar, escrever besteira... não necessito de extremos, apenas sou o que gosto de ser, o que é melhor pra mim. Portanto não sou do mundo, apenas faço parte dele.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Dona Cecília e o fruto perdido

Cheia de si, inexistente sua modéstia
Dona Cecília, saía para os salões
Toda coberta, mas nua nas festas
Apreciava desmanchar corações

Seu futuro já estava feito
Seria engolida por joias
Casaria-se com um prefeito
Nem precisaria de tramoias

Num desses salões escuros
Encontrou o prefeito
Não era belo, muito moribundo
Mas tornou-se seu par perfeito

Dona Cecília esnobava sua sorte
Chamava-se primeira dama
Apenas pois ao seu lado estava o lote
Que não recebera por sua fama

Ao receber muita verba
O prefeito decidiu viajar
Lá para os pampas, direto na terra
Com sua noiva casar

Chegaram de charrete
Na lama do lugar
Viram brincar as pestes
Sujando-se, gritando sem parar

De primeira, Dona Cecília desaprovou
Não era acostumada a natureza
Nascera na cidade, "Caipira não sou"
Então tudo aquilo virou estranheza

Instalaram-se em uma Caaba
Mas era feita de palha
Cama chata
E a comida rala

Passaram a conhecer a terra
As árvores e trabalhadores
Boa gente, mata de serra
Mas tudo dava fruto, esplendores

O prefeito se distanciou
E Dona Cecília andou sozinha
No meio das mata alta, encontrou
Um chapéu iluminado pelo raio de luz, cores nítidas

O chapéu levantou-se
E apareceu um rosto moreno, suado
Dona Cecília, seu cheiro agridoce
Do trabalhador, cravo

Os dois se intimidaram
Mas trocaram sorrisos
Marcaram horário
Sem precauções para o compromisso

O local, uma gruta
O clima, frio
Agora, a Cecília, muda
O caipira apenas sorriu

De amigos foram pra mais
Mais que qualquer relação comum
Amor de comprimento num cais
Aceitou-se até jejum

O prefeito percebendo a solidão
Mandou buscar sua ovelha
Mas tomada pela paixão
Disse "Não mais me tenha"

Cecília fugiu para o mato
Arranhou as pernas
O caipira ao seu lado
Também sofreu doença

Cansados da corrida
E longe do perigo
Deitaram embaixo da Bicuíba
O amor não mais reprimido

Nos braços de Morfeu
No céu azul, sem os pássaros
Cecília não percebeu
Que seu namorado estava sendo enforcado

Antes o prefeito havia chegado
E amordaçou o caipira, desacordado
Levou para outra árvore, o cabresto cerrado
E pendurou uma nova fruta, com lágrimas de orvalho

Cecília não sofreu dor física
Foi deixada pelo prefeito
Para passar pela pior parte de sua vida
Ao lembrar desse dia sangrento

Acordou e não viu o cravo
Correu para buscá-lo
Uma corda num galho
Pendia seu fruto, ex-namorado

Não caíram nem lágrimas
Não ouviram-se nem gritos
Nem lástimas
O pior coração sofrido

Da menina arrogante
Que queria apenas ser elite
Surgiu uma confessa errante
O amor nunca desiste.





Tempo = 0

Lembranças são passado, não existe presente e nosso futuro é irreal, imaginamos o que não irá acontecer.
Vida é linha para se tecer.

Mais nada, além das palavras e pequenas ações

Palavras?
São apenas sons que saem da sua boca, são incapazes de emitir o que é real
Infelizmente nos limitamos a palavras e não às atitudes
Pois nossas atitudes são controladas, e claro, também as palavras
Se não existem palavras e nem atitudes verdadeiras
Tudo isso é uma ilusão
Planejada na cabeça
E distribuída para os conformistas e não autitistas.

Humanos

Eu observo
Tu faz
Ele grita
Ela histeria
Nós brigamos
por Vós passamos
Eles ateiam
Elas incendeiam

Eles discutem
Nós ouvimos
Vós aceitais
Elas não ligam
Tu cala-se
Eu também
Ela também
Ele também

Vós sabeis
Nós não
Eles explicam
Elas não
Eu não entendo
Tu só um pouco
Ele nem está aqui
Ela está namorando

Eles deixam
Elas desistem
Vós caminham para longe
Nós nos calamos
Ela chora
Ele pensa
Tu observa
Eu faço

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mochila

-Ei, pega aí a mochila
-Por que?
-Porque a vida continua.
-Mas e a mochila?
-Guarda minha vida.
-Uma mochila?
-É, toda as minhas experiências estão aqui.
-Estranho, nunca ouvi.
-Agora ouviu, tenho de ir.
-Pra onde?
-Pegar mais mochilas.
-Você já te uma.
-É para todas as pessoas.
-Vai pesar.
-Sim, mas não tem carga.
-E servem pra que?
-Acumulando saber.

A liberdade das frutas

Por que não ser eu?
É errado pra vocês, eu sei
Mas e pra mim?
Eu devo ser assim?
Ser o que vocês querem?
Aceitar os que te ferem?
Dizer: meu bem, e nhenhenhém?
Fazer o que pra todo mundo é entediante?
E deixar a vida de ser contagiante?
Seguir o que todo mundo pensa?
O cabresto na cabeça?
Que liberdade é essa?
Liberdade apenas para ser vestir?
O jeito de curtir?
Que liberdade é essa?
Onde o principal, minha festa
Não pode ser liberta
Pois a sociedade do tudo livre
Prefere a SUA estirpe
E não a de qualquer um
Qualquer um que faz boom
E todo mundo se assusta
Pela imagem contrária que ilustra
A diferença das frutas.

Enganar para se conhecer


As pessoas se enganam tanto mas teimam em dizer que estão certas do que falam, mas suas ações logo as contrariam e tudo o que legaram se dissipou no ar. Sou um exemplo, na maioria da vezes digo que não vou gostar daquela tal pessoa, e que no presente a odeio, e esse preconceito apenas é sustentado pelas minhas meras previsões, mas quando conheço mais a fundo essa pessoa, sua história e pensamentos sempre, sempre e sempre, mudo de opinião e passo a gostar dela, e se eu não aturar alguma de suas manias passo a compreendê-la. A partir dessa minha experiência com as pessoas é que eu mudei meu comportamento diante delas, hoje eu me privo de fofocar ou xingar tal pessoa sem antes conhecê-la, e foi tão grande essa mudança que eu me sinto até desconfortável, com a consciência pesada quando me pego fazendo uma dessas maldades.
Fiquei sabendo que esse preconceito pelas pessoas desconhecidas se aplica também a mim. Eu era tão inocente sobre o que as pessoas achavam de mim, que nem imaginava alguém me tendo mal. As experiências que tive para que esse meu pensamento ruísse, foram passadas da melhor e da pior maneira possível, dependendo das pessoas. Mas eu sei que tudo que passei foi importante, se eu não passasse não saberia valorizar a verdadeira amizade ou avaliar meus defeitos. Por mais que eu declare que esse preconceito humano é errado, confesso que é ele que em certos momentos pode ajudar você para conhecer você mesmo, seus erros e seus acertos, se o que você ouve é verdade ou se pode ser considerado bobagem, afinal, apenas você vai saber disso e mais ninguém.