Carolina C.

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Sou influenciada a escrever por tudo o que ouço,toco,vejo,sinto e leio. E por lembranças também, portanto a autoria é das projeções do meu mundo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Felicidade Automática


É como Ferreira Gullar diz: "poesia nasce do espanto". Poesias nascem do espanto que nós, seres humanos, terráqueos, temos da nossa própria moradia: o mundo. Mas por que se espantar com as coisas do mundo, já que ele é a nossa "casa"? Acredito que em casa, a pessoa não se espanta com sua cama, mesa ou a pia da cozinha. Não me espanto com a coberta vermelha, os cartazes nas paredes de meu quarto ou com as janelas da sala, mas por que ainda me espanto com as coisas lá fora? Eu conheço tudo, a natureza e o asfalto, as pessoas e os animais, mas mesmo assim me espanto.
Nesses dias robóticos de hoje, as pessoas como eu, são pegas de surpresa, temos tanto a fazer e nada a admirar, e quando percebemos a vida passou, os amigos se foram e você está velho, com mais um mínimo de tempo para viver e talvez, aproveitar o que lhe resta. Quando a mídia ou os livros de auto-ajuda aconselham aproveitar os momentos bons, "aproveite a vida", "viva o presente", na verdade eles querem te alertar que a vida é rápida, aproveite, corra, como se a vida fosse uma liquidação. Frases como: "vá filha, saia com seus amigos", "vamos beber até cair", "a vida é curta, vamos aproveitar", são as costumeiras investidas que as outras pessoas nos dão para que nós percamos nenhum minuto, e analisando esses fatos, vejo que até os momentos de prazer são automáticos. Hoje, o significado de ser feliz é beber, sair e quebrar tudo, ir a festas esquisitas com gente estranha, beijar até pegar doença, correr com o carro ou pode ser a pé mesmo, nu se quiser. Se você, indivíduo, não pratica nenhum desses exemplos, você é considerado um "velho", sem graça, chato. Estereótipos até para a felicidade, quem diria!
Minha felicidade não é regida por nenhum desses estereótipos, prefiro me refugiar na sala vendo filmes, passar o dia no quintal tirando fotos, rir do nada, conversar besteira, pensar, desenhar, escrever besteira... não necessito de extremos, apenas sou o que gosto de ser, o que é melhor pra mim. Portanto não sou do mundo, apenas faço parte dele.

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