Carolina C.

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Sou influenciada a escrever por tudo o que ouço,toco,vejo,sinto e leio. E por lembranças também, portanto a autoria é das projeções do meu mundo.

sábado, 21 de agosto de 2010

A menina ruiva com o buquê de rosas


Ele saiu da sala e foi correndo para o pavilhão. Estava cheio de gente que não conhecia, a maioria. Sua visão cheia daqueles uniformes brancos cotidianos de toda manhã, já não aguentava mais. As mesmas pessoas, mesma sala de quatro paredes sujas, os mesmos livros chatos e o conformismo de sempre. Sua mente gritava por ambientes novos, queria sair daquela escola e apenas dormir nas ruas,sentir frio e correr riscos, conhecer gente diferente daquela, ter uma nova vida, mesmo que fosse uma pior.
Já sentado na cadeira, o guri assistiu em silêncio a palestra sobre educação. Ele não acreditava mais na educação, na família nem na sociedade; já na acreditava em si mesmo.
Duas horas de passaram e a palestra entediante acabara, finalmente o menino pôde sair daquele lugar e ir direto pra casa, fugir dali e se refugiar no seu mundo. Andando a passos rápidos , percorrendo todo o pavilhão, o menino olhava para o chão sem levantar a cabeça por um segundo sequer. O chão cinza de repente tornou-se vermelho, uma pétala de rosa caída ali naquela fumaça sólida, sozinha. O menino agachou e pegou aquela pétala com uma mão e a envolveu com as duas, formando uma concha. Ao se levantar, olhou para frente e encontrou sentada, uma menina ruiva, pele clara quase um gelo seco, altura mediana, os braços finos mas o tronco largo. Segurava um buquê de rosas, envolvia-o com carinho, deve ser de alguém especial. O menino paralisou, seus olhos não piscavam, apenas queria ver aquela imagem tão colorida. Ver essa mistura de cores, laranja, vermelho, rosa e branco. Cores que não tinha oportunidade de ver, de tocar com os olhos, cores que não coloriam sua vida cinzenta, preta e branca.
Tomou iniciativa e andou vagarosamente para a direção da ruiva, seus passos não denunciaram sua presença e a menina ainda distraída não percebeu aquele menino na sua frente. O garoto subiu a mão com a pétala e a pôs na altura do rosto da menina. Por reflexo, os olhos mel viraram-se para aquele movimento estranho e hesitaram um pouco, mas aquele menino estranho tornou-se agradável e nasceu um sorriso em sua boca vermelha. O menino retribuiu o sorriso e não esqueceu mais daquele dia colorido.

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