Carolina C.

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Sou influenciada a escrever por tudo o que ouço,toco,vejo,sinto e leio. E por lembranças também, portanto a autoria é das projeções do meu mundo.

domingo, 15 de agosto de 2010

Meu Papai

Papai, por que me deixastes?
Já previa a dor que eu iria sentir?
De que eu iria viver sem ti?
E não aprender o que o senhor tem a me ensinar?

Por um tempo, a dor da saudade não me visitava
Eu andava pela costumeira calçada, lugar de nossas conversas
Você me contava de sua vida de marinheiro
E eu contava da minha de estudante

Tudo o que eu sei sobre a força, você me ensinou
Me empolgou em toda oportunidade, me apoiou
Pegava minha mão quando eu tropeçava
E dava um sorriso de leve, e me levava pra casa

Papai, meu lugar no mundo era ao seu lado
Protegida das coisas ruins, dos pesadelos, das pessoas que me magoavam
Era com você, papai, que eu podia conversar sobre coisas que hoje ninguém se interessa
Coisas que só pertenciam à mim e a você.

Mas hoje, minha vida não é mais assim
Meus pensamentos ficam guardados, pois ninguém quer ouvi-los
Discutir, rir, brigar comigo por causa deles
Você fugiu e me deixou aqui, pensando sozinha

E sozinha, comecei a pensar muito mais do que antes
Agora eu ando pela calçada e lembro do senhor
Navego de balsa e lembro-me das conversas em alto-mar
Olho para os meus desenhos feitos para você, e as cartas que não lhe mandei e choro

A saudade de hoje é bem mais forte do que a de anos atrás
Enquanto eu cresço a saudade me visita mais, a agenda fica lotada
A mente não aguenta mais de lembranças, do que poderia ser
Eu tomo mais consciência do que é o valor de um pai na vida de uma pessoa

Mas meu papai não está mais aqui
Ele fugiu há muito tempo, disse que voltaria
Não voltou, e minha vida fica a mesma, só que mais triste
Pois a saudade não é boa, e é pontual em suas visitas

Papai, você não vive mais
Não existe mais volta, a oportunidade se foi
E hoje você é só uma lembrança
Uma lembrança do que poderia ser.

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