Carolina C.

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Sou influenciada a escrever por tudo o que ouço,toco,vejo,sinto e leio. E por lembranças também, portanto a autoria é das projeções do meu mundo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pressões juvenis

"O desejo de conhecer é um servo de prazer. Conhecer por conhecer é um contra-senso. Talvez que o caso mais gritante e mais patológico disto que estamos dizendo (todas as coisas normais têm a sua patologia) se encontre nesta coisa que se chama exames vestibulares: a moçada, pela alegria esperada de entrar na universidade, se submete às maiores violências, armazena conhecimento inútil e não digerível, tortura o corpo, lhe nega os prazeres mais elementares. Por quê? Tudo tem a ver com a lógica da dor e do prazer. Há a dor incrível de não passar, de ser deixado para trás, de ver-se ao espelho como incapaz (no espelho dos olhos dos outros); e há a fantasiada alegria da condição de universitário, gente adulta, num mundo de adultos. Claro, coisa da imaginação...E o corpo se disciplina para fugir da dor e para ganhar o prazer. E logo depois de passado o evento o corpo, trinfante, trata de se desvenciliar de todo o conhecimento inútil que armazenara, esquece quase tudo, sobrem uns fragmentos: porque agora a dor já foi ultrapassada e o prazer já foi alcançado.
A gente pensa para o corpo ter prazer."
Nelson C. Marcelino. - Introdução às ciências sociais

É assim o ciclo educativo das escolas do Brasil. Os alunos não estudam com prazer, mas por obrigação. É dever do estudante de hoje "passar" em provas, vestibulares ou outros exames logo de primeira, se não o fizer, os "azarados" começam a ouvir:

- Perdeu um ano, heim?
-Caramba, todo mundo passou, menos você. Tá bem?
-Calma, você vai conseguir (daqui a 12 meses de estudos).

É uma pressão atrás da outra. Será que não podemos viver mais o prazer do que a obrigação? Somos jovens, e esta fase nunca voltará. Daqui a alguns anos, estarei velha e trabalhando, e não terei mais tempo de fazer o nada, jogar conversa fora, namorar, sorrir por nada. Parece triste, e ninguém quer um futuro desses, mas mesmo que você planeje sua maravilhosa vida, ela, de qualquer jeito, vai te levar pra um destino que jamais tivesse imaginado.
Além da pressão de estudar, que deixa alguns (acho que a minoria) presos dentro de casa, existe a tal da tecnologia que isola muito mais os jovens modernos. Eu acho que nasci há 30 anos atrás, mas morri e voltei nesse século sem querer me adaptar a essa artificialidade humana. Não quero que exista metal, ferro, telas, teclas ao meu redor, quero um cenário como o dos livros europeus, (ou até brasileiros): florestas, vento puro, o som da cachoeira, animais e um lugar grande para que as pessoas possam correr até se cansar. Mas não, nosso espaço não é assim. Somos rodeados de carros, rodovias, postes, casas aglomeradas, pessoas correndo olhando para o relógio...e desse jeito "perdemos a hora", perdemos a noção do valor do tempo. Antigamente, quando eu era mais nova, o tempo era tão lento, o dia parecia não acabar mais em meios às minhas saídas com a bicicleta. Mas hoje, estudando e já íntima da responsabilidade, meu tempo é marcado por horas e atividades. Nem tenho tempo mais para ficar sentada no banco do quintal. Me tornei uma corredora, e junto a mim todas as pessoas do mundo.
Portanto, essa "obrigação" de estudar, ser aprovada, ganhar recompensas não tem o menor sentido para a vida de alguém, claro, se esses fatores forem levados a sério demais e num outro sentido. Digo no sentido de serem tratados como os únicos objetivos na vida, porque não são.
A vida é muito mais que decorar fórmulas, nomes dos ossos do corpo humano ou regras gramaticais. Vida é nada sem conhecimento. Você cria o seu conhecimento, da melhor forma possível, para sentir prazer.

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