Carolina C.

Minha foto
Sou influenciada a escrever por tudo o que ouço,toco,vejo,sinto e leio. E por lembranças também, portanto a autoria é das projeções do meu mundo.

domingo, 7 de novembro de 2010

Aquelas músicas me fizeram pensar

Ontem eu saí de casa, eram 22h15min. Fomos ver uma apresentação de música erudita. Estava frio, mas meu casaco mesmo assim conseguiu me fazer sentir calor. Saímos eu, minha irmã, mãe, cunhado e um casal amigo da família. Seguíamos para centro da cidade, em meio a risadas e risos contidos também. Muito demorada foi a viagem, mas enfim, chegamos ao lugar que queríamos. Finalmente desci do carro, me estiquei e saí andando atrás de todos, claro, estava "sozinha". Minha irmã estava com seu namorado, minha mãe com o casal de amigos, e eu lá, calada. Andando em direção à uma praça, vi um rosto conhecido, angelical e lindo como sempre. Duas amigas minhas estavam lá também. Abracei-as forte, de tanta saudade que tinha. Trocamos umas palavras, e depois seguimos para um bar. Para minha grande surpresa, o estabelecimento estava cheio de jovens da universidade, o que significa, na maioria das vezes, bebida e fumaça. Sentei-me e esperei a tal apresentação começar. Na verdade não era uma apresentação formal, como eu supunha, mas sim dentro de um bar, num lugar pequeno para dois violinistas, um violoncelista e um tocador de oboé. Não me lembro do nome do grupo, mas sei que são do sul. Enquanto ajustavam os instrumentos, fiquei observado, calada e sozinha, aquele mundo jovem que eu não conheço. Tantas pessoas diferentes, mas diferentes do que eu normalmente vejo. São meninas de vestidos, parecidas com bonecas e meninos com tatuagens, fumando, no melhor estilo. Quando eu saio pela cidade, não encontro esse tipo de gente, vejo pessoas suadas, senhoras, crianças e percebi naquela hora que não conheço o mundo em que vivo. "A minha visão é tão limitada."
Gostei deste cenário vivo e jovem. Eles expressam revolta, desleixo, amizade, amor, diversão, vida. Gostei desse mundo, e fiquei tentada a sair do meu. De repente, uma mão me toca no ombro, uma das irmãs me chama pra dentro do bar. Fico espremida entre uma parede, ao lado da menina e começam a tocar. Um ótimo som, leve, entra em meus ouvidos, primeiro um violino, depois o outro, e depois o oboé e o violoncelo. Incrível as coisas maravilhosas que o ser humano pode fazer, música é a melhor delas. Me deliciei naquela frenética sensação lenta, de deslumbramento.
Enquanto a música fluia, um cara chegou para perto de mim e falou bem perto de meu rosto. Não sei se estava bêbado, mas era engraçado. Ele começou a falar de música, é pianista, falou de sua admiração também. Eu, tímida, ignorante sobre esse mundo simpático, fiquei ouvindo, como sempre faço, e rindo também.
Tocaram então a última música, "Paranoid Android", do Radiohead. Ótima, fazia tempos que não ouvia essa banda. E do mesmo jeito, senti-me bem ao ouvir aquele som.
Acabada a apresentação, voltamos à mesa, e os adultos ficaram a conversar e beber. Enquanto isso, observei de novo os jovens. Vi uma menina linda, camisa e cabelos pretos, branca, parecia uma flor. Depois vi uns caras fumando, conversando, rindo sem parar. Na entrada do bar, os músicos discutiam sobre música, suas notas, artistas, obras. Do lado da minha mesa, outros jovens tiravam fotos de um casal, de amigos ou namorados, não sei, mas existe diferença nessa fase da vida? Passaram-se as horas, pingos de chuva marcaram meu jeans e boa parte das pessoas correram para dentro do bar, outras foram embora, entre elas minhas amigas e eu.
Com sono, e com a maior vontade de voltar para casa, sentei no carro e pus minha cabeça na janela, como um carrocho que tive. Pensei sobre a noite, a vida. Minha vida. Eu aproveito a vida? Será que minha solidão é ruim, construtiva? Estou perdendo algo? Milhares de perguntas vieram, e não pude respondê-las porque não sei a respostas para o melhor pra mim. Não sei no que trabalhar, como me relacionar, como viver. Apenas vivo, sinto, preciso ser feliz, claro, do meu jeito. Mas não sei se o meu "feliz" é o feliz do futuro, quando eu lembrar de tudo, da minha vida, e espero não me arrepender.
Cheguei em casa, despi-me. A camisola folgada me fez sentir mais leve. Tive a sensação de uma sonho, mas estava acordada, então deduzi que era um pensamento. Pensei sobre esse mundo que não conheço. Pensei na viagem que devo fazer para desfrutar do meu mundo, porque acredito que não existam outros, só um, o meu. Porque só posso sentir o que eu sinto, não o que as outras pessoas sentem. Então, este mundo de que falo, um dia vou vivê-lo, pois ele é uma fase.
Não quero me arrepender de nada, do que não fiz, ou do que fiz. Quero apenas ser feliz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário